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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

A urbanização e a Síndrome de Bambi

Já há um bom tempo atrás, li um trabalho feito por um professor do Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e pelo museólogo da Fundación Vida Silvestre Argentina que tratava sobre estratégias para o uso sustentado da fauna.

Em um determinado ponto do trabalho eles discorriam sobre a urbanização da humanidade e suas conseqüências. Entre as várias conseqüências da urbanização do homem, está seu distanciamento em relação à natureza e uma de suas manifestações é a relação do homem urbano com a fauna silvestre.

Não é de hoje que são produzidos desenhos animados onde animais recebem características humanas para tocar a quem assiste. Essa humanização trás a chamada Sindrome de Bambi que, entre outras características transfere sentimentos humanos aos animais.
Os portadores dessa síndrome confundem-se e até mesmo se sincretizam com uma temática séria e importante: a dos direitos dos animais. Em outras palavras, passam a ver os animais como verdadeiros seres humanos dóceis e gentis e como tais devem ser tratados. O que é pior, acham que todos os animais são de estimação e domesticados. Na verdade, toda a exploração econômica de recursos naturais não é mal vista pelos portadores da síndrome, afinal muitos deles consomem carne regularmente, gostam muito da proteína de um ovo e apreciam muitíssimo um caldo de galinha quentinho no inverno, além de consumidores refinados de carnes exóticas em restaurantes, como por exemplo javalis, avestruzes e outros. Afinal, os animais criados para abate não sofrem nadinha antes de chegar no prato.

E é nessa dualidade dos portadores da síndrome que esbarram os cinegetas pois não se consegue demonstrar que um javali abatido em um local onde ele causa danos às plantações é muito diferente do javali abatido em cativeiro para servir de repasto em banquetes.

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